quarta-feira, agosto 17, 2005

"Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste
a manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,ouvir a tua

voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido

de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como

gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste."

Nuno Júdice

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola! Dia 13 de Outubro aparece por Coimbra e podes ouvir e ver esse fantástico texto a ser declamado!