Passo 40
Ontem tive a oportunidade de participar numa via-sacra pensada por estudantes universitários, ligados a vários movimentos, pelas ruas do centro do Porto.
Em cada uma das sete estações era abordado um tema actual; a exclusão, a falta de sentido de comunidade, o egoísmo, a solidão em família, o Amor, …
Através da dança, do teatro, da música, de testemunhos e da oração vivemos um momento forte de introspecção, em comunidade.
Ontem sentimos que rezar é saber estar em silêncio connosco, saber ouvir os nossos pensamentos e aquilo que nos rodeia, em total comunhão com o que de real nos cerca.
Ontem enfrentamos que ser pobre é depender dos gostos e vontades dos outros para sobreviver e não ter direito sequer a uma opinião, e todos nos sentimos cruéis.
Ontem ganhamos força para estar mais próximo daqueles que estão mesmo ao nosso lado, nas nossas casas.
Aprendemos a olhar para “o velho sentado no jardim”.
Mais importante de tudo, descobri que não precisamos de procurar muito longe por testemunhos de coragem e força de viver.
Revoltei-me por ver cenários montados e situações forçadas a acontecer mesmo ao lado de quem realmente sabe o que é passar a Páscoa sozinho, apenas outro domingo.
E é nessas pessoas que conheci, e com quem partilhei alguns momentos nestas últimas semanas, que vou pensar nesta Páscoa, e vou desejar com muita força ter os braços do tamanho do mundo para que o meu abraço chegue até eles …